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peito, mas não me queimo ». E o Francisco dizia: «Do que gostei mais foi de
ver a Nosso Senhor, naquela luz que Nossa Senhora nos meteu no peito.
Gosto tanto de Deus! ».4
Irmãos, ao ouvir estes inocentes e profundos desabafos mı́sticos dos Pas-
torinhos, poderia alguém olhar para eles com um pouco de inveja por terem
visto ou com a desiludida resignação de quem não teve essa sorte mas insiste
em ver. A tais pessoas, o Papa diz como Jesus: «Não andareis vós enganadas,
ignorando as Escrituras e o poder de Deus? ».5 As Escrituras convidam-nos a
crer: « Felizes os que acreditam sem terem visto »,6 mas Deus - mais ı́ntimo a
mim mesmo de quanto o seja eu próprio 7 - tem o poder de chegar até nós
nomeadamente através dos sentidos interiores, de modo que a alma recebe o
toque suave de algo real que está para além do sensı́vel, tornando-a capaz de
alcançar o não-sensı́vel, o não-visı́vel aos sentidos. Para isso exige-se uma
vigilância interior do coração que, na maior parte do tempo, não possuı́mos
por causa da forte pressão das realidades externas e das imagens e preocu-
pações que enchem a alma.8 Sim! Deus pode alcançar-nos, oferecendo-Se à
nossa visão interior.
Mais ainda, aquela Luz no ı́ntimo dos Pastorinhos, que provém do futuro
de Deus, é a mesma que se manifestou na plenitude dos tempos e veio para
todos: o Filho de Deus feito homem. Que Ele tem poder para incendiar os
corações mais frios e tristes, vemo-lo nos discı́pulos de Emaús.9 Por isso a
nossa esperança tem fundamento real, apoia-se num acontecimento que se
coloca na história e ao mesmo tempo excede-a: é Jesus de Nazaré. E o entu-
siasmo que a sua sabedoria e poder salvı́fico suscitavam nas pessoas de então
era tal que uma mulher do meio da multidão - como ouvimos no Evangelho
- exclama: « Feliz Aquela que Te trouxe no seu ventre e Te amamentou ao
seu peito ». Contudo Jesus observou: «Mais felizes são os que ouvem a palavra
de Deus e a põem em prática ».10 Mas quem tem tempo para escutar a sua
palavra e deixar-se fascinar pelo seu amor? Quem vela, na noite da dúvida e
da incerteza, com o coração acordado em oração? Quem espera a aurora do
dia novo, tendo acesa a chama da fé? A fé em Deus abre ao homem o hori-
4 Memórias da Irmã Lúcia, I, 40 e 127. 5 Mc 12, 24. 6 Jo 20, 29. 7 Cfr. Santo Agostinho, Confissões, III, 6, 11. 8 Cfr. Card. Joseph Ratzinger, Comentário teológico da Mensagem de Fátima, ano 2000. 9 Cfr. Lc 24, 32. 10 Lc 11, 27. 28.