ACTA BENEDICTI PP. XVI

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 Acta Benedicti Pp. XVI 357

 Acta Apostolicae Sedis - Commentarium Officiale358

 Acta Benedicti Pp. XVI 359

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 Congregatio pro Ecclesiis Orientalibus 361

 Acta Apostolicae Sedis - Commentarium Officiale362

 Congregatio pro Episcopis 363

 Acta Apostolicae Sedis - Commentarium Officiale364

 Diarium Romanae Curiae 365

 Acta Apostolicae Sedis - Commentarium Officiale366

 Diarium Romanae Curiae 367

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Acta Apostolicae Sedis - Commentarium Officiale326

peito, mas não me queimo ». E o Francisco dizia: «Do que gostei mais foi de

ver a Nosso Senhor, naquela luz que Nossa Senhora nos meteu no peito.

Gosto tanto de Deus! ».4

Irmãos, ao ouvir estes inocentes e profundos desabafos mı́sticos dos Pas-

torinhos, poderia alguém olhar para eles com um pouco de inveja por terem

visto ou com a desiludida resignação de quem não teve essa sorte mas insiste

em ver. A tais pessoas, o Papa diz como Jesus: «Não andareis vós enganadas,

ignorando as Escrituras e o poder de Deus? ».5 As Escrituras convidam-nos a

crer: « Felizes os que acreditam sem terem visto »,6 mas Deus - mais ı́ntimo a

mim mesmo de quanto o seja eu próprio 7 - tem o poder de chegar até nós

nomeadamente através dos sentidos interiores, de modo que a alma recebe o

toque suave de algo real que está para além do sensı́vel, tornando-a capaz de

alcançar o não-sensı́vel, o não-visı́vel aos sentidos. Para isso exige-se uma

vigilância interior do coração que, na maior parte do tempo, não possuı́mos

por causa da forte pressão das realidades externas e das imagens e preocu-

pações que enchem a alma.8 Sim! Deus pode alcançar-nos, oferecendo-Se à

nossa visão interior.

Mais ainda, aquela Luz no ı́ntimo dos Pastorinhos, que provém do futuro

de Deus, é a mesma que se manifestou na plenitude dos tempos e veio para

todos: o Filho de Deus feito homem. Que Ele tem poder para incendiar os

corações mais frios e tristes, vemo-lo nos discı́pulos de Emaús.9 Por isso a

nossa esperança tem fundamento real, apoia-se num acontecimento que se

coloca na história e ao mesmo tempo excede-a: é Jesus de Nazaré. E o entu-

siasmo que a sua sabedoria e poder salvı́fico suscitavam nas pessoas de então

era tal que uma mulher do meio da multidão - como ouvimos no Evangelho

- exclama: « Feliz Aquela que Te trouxe no seu ventre e Te amamentou ao

seu peito ». Contudo Jesus observou: «Mais felizes são os que ouvem a palavra

de Deus e a põem em prática ».10 Mas quem tem tempo para escutar a sua

palavra e deixar-se fascinar pelo seu amor? Quem vela, na noite da dúvida e

da incerteza, com o coração acordado em oração? Quem espera a aurora do

dia novo, tendo acesa a chama da fé? A fé em Deus abre ao homem o hori-

4 Memórias da Irmã Lúcia, I, 40 e 127. 5 Mc 12, 24. 6 Jo 20, 29. 7 Cfr. Santo Agostinho, Confissões, III, 6, 11. 8 Cfr. Card. Joseph Ratzinger, Comentário teológico da Mensagem de Fátima, ano 2000. 9 Cfr. Lc 24, 32. 10 Lc 11, 27. 28.