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Congregatio pro Ecclesiis Orientalibus 361
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Acta Benedicti Pp. XVI 341
Sinto grande alegria em ver aqui reunido o conjunto multiforme da cul-
tura portuguesa, que vós tão dignamente representais: Mulheres e homens
empenhados na pesquisa e edificação dos vários saberes. A todos testemunho
a mais alta amizade e consideração, reconhecendo a importância do que
fazem e do que são. Às prioridades nacionais do mundo da cultura, com
benemérito incentivo das mesmas, pensa o Governo, aqui representado pela
Senhora Ministra da Cultura, para quem vai a minha deferente e grata sau-
dação. Obrigado a quantos tornaram possı́vel este nosso encontro, nomeada-
mente à Comissão Episcopal da Cultura com o seu Presidente, Dom Manuel
Clemente, a quem agradeço as expressões de cordial acolhimento e a apre-
sentação da realidade polifónica da cultura portuguesa, aqui representada
por alguns dos seus melhores protagonistas, de cujos sentimentos e expecta-
tivas se fez porta-voz o cineasta Manoel de Oliveira, de veneranda idade e
carreira, a quem saúdo com admiração e afecto juntamente com vivo reco-
nhecimento pelas palavras que me dirigiu, deixando transparecer ânsias e
disposições da alma portuguesa no meio das turbulências da sociedade actual.
De facto, a cultura reflecte hoje uma « tensão », que por vezes toma formas
de « conflito », entre o presente e a tradição. A dinâmica da sociedade abso-
lutiza o presente, isolando-o do património cultural do passado e sem a
intenção de delinear um futuro. Mas uma tal valorização do « presente » como
fonte inspiradora do sentido da vida, individual e em sociedade, confronta-se
com a forte tradição cultural do Povo Português, muito marcada pela mile-
nária influência do cristianismo, com um sentido de responsabilidade global,
afirmada na aventura dos Descobrimentos e no entusiasmo missionário,
partilhando o dom da fé com outros povos. O ideal cristão da universalidade
e da fraternidade inspiravam esta aventura comum, embora a influência do
iluminismo e do laicismo se tivesse feito sentir também. A referida tradição
originou aquilo a que podemos chamar uma « sabedoria », isto é, um sentido
da vida e da história, de que fazia parte um universo ético e um « ideal »
a cumprir por Portugal, que sempre procurou relacionar-se com o resto
do mundo.
A Igreja aparece como a grande defensora de uma sã e alta tradição, cujo
rico contributo coloca ao serviço da sociedade; esta continua a respeitar e a
apreciar o seu serviço ao bem comum, mas afasta-se da referida « sabedoria »
que faz parte do seu património. Este « conflito » entre a tradição e o presente
exprime-se na crise da verdade, pois só esta pode orientar e traçar o rumo de
uma existência realizada, como indivı́duo e como povo. De facto, um povo,